Artigo original em: http://bsrsoft.com.br/portal/bsrsoft/bsrsoft-dev-editorial-porque-a-microsoft-erra-ao-continuar-criticando-o-uso-do-software-open-source/
Nesta terça-feira, 14 de setembro de 2010, o presidente da Microsoft para América Latina, Hernán Rincón, criticou a decisão de alguns governos da região, incluindo, e especialmente o Brasil, de incentivar – ou mesmo obrigar – a adoção de software livre em seus serviços públicos e sistemas educacionais.
Comentou: “Com todo respeito ao Brasil, mas qual deveria ser o papel do governo? Desenvolver software ou melhorar a vida da pessoas?”
Cometeu diversos enganos, aparentemente de forma intencional, haja visto que trata-se do principal executivo da Microsoft na região que de forma previsível defende o modelo de negócio desta, o software fechado.
Cometeu engano quando vinculou o uso de software livre pelo governo brasileiro à uma hipotética necessidade de desenvolvimento interno de software.
Esqueceu-se de maneira proposital, que software livre, pronto, está disponível livremente por ai. Na maior parte dos casos, nenhum desenvolvimento adicional é necessário.
Muito do que é feito simplesmente, é se escolher o software necessário (livre) e se não houver pessoal interno do serviço público habilitado à instalá-lo e mantê-lo, contrata-se uma empresa especializada para fornecer o devido suporte. Só que neste caso, não entra a Microsoft já que até hoje esta não fornece suporte à software livre.
E apesar de tudo isso, desenvolvimento de software ainda é uma tarefa corriqueira em todos os governos do mundo. Por que isso haveria de ser uma aberração aqui no Brasil?
O governo brasileiro prefere e muitas vezes obriga a apresentação de software livre em suas licitações por diversos motivos, destacando-se:
- Muitas empresas brasileiras podem prover suporte e desenvolvimento sob software livre, criando empregos, capacitando mão-de-obra em tecnologias de ponta e criando tecnologia de ponta;
- Possibilidade de auditoria imparcial e total sobre o que setores estratégicos do governo estão rodando em seus computadores, impossibilitando espionagem via back-doors nos programas, por exemplo;
- Independência tecnológica e independência de fornecedor;
- Garantia de interoperabilidade entre sistemas diferentes que usem protocolos abertos;
São ótimos motivos para qualquer governo no mundo preferir software aberto e livre.
A NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA especializada em espionagem eletrônica) roda Linux nas estações de trabalho internas, para que tenham acesso ao código de todo programa que usam.
O DoD (Departamento de Defesa dos EUA) segue linha parecida.
O governo da França também e pelos mesmos motivos do Brasil.
Aparentemente a Microsoft vem atacando a iniciativa brasileira pró open source, pois o Brasil perfaz 45% do faturamento deles na América Latina, sendo esta a região com a melhor curva de lucratividade para a empresa atualmente.
Estão defendendo a galinha dos ovos de ouro. às custas de espalhamento de desinformação e medo.
E justo nesses dias em que a Microsoft vem ventilando para todo mundo ouvir, que coexiste bem com o software livre e que até “ama o software livre”.
Palavras ao vento não valem nada. O que funciona de verdade, são ações concretas.
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Matéria sobre o assunto: http://idgnow.uol.com.br/mercado/2010/09/14/executivo-da-microsoft-critica-posicao-brasileira-sobre-software-livre/