Comunidade Escritório Livre
Posted by Paulo em 11/11/2011
Desde que me entendo por usuário de software livre e colaborador em comunidades de software livre, as comunidades sempre eram “devotas” de um determinado software. Assim temos a comunidade do Ubuntu, do Fedora, do Mint, do Debian, do OpenOffice, do LibreOffice, do Caligra, enfim, muitos softwares e muitas comunidades, cada uma delas defendendo o seu ponto de vista.
Outra nuance interessante é que quando se faz parte de uma comunidade de “software livre” dedicada a um único software, o enfoque é frequentemente desenvolvimentista, ou seja, a maior parte das decisões são tomadas por desenvolvedores, assim como a maior parte dos créditos. É óbvio que desenvolvedores desenvolveram a ferramenta e possuem o mérito disso. Mas quem usa o software e quem o divulga é quem faz com que ele tenha sucesso. O sucesso do software é um conjunto complexo de bom código e iniciativas de uso e divulgação de pessoas que em sua maioria, não são desenvolvedores. resumindo: a maioria ajuda a desenvolver a marca, mas não recebe os créditos por essas iniciativas, já que elas são muito difíceis de contabilizar em sistemas informatizados. Como se mede a participação de um membro em um congresso ou palestra? Como se dá o crédito por dicas e truques que um membro publica em seu blog, ou por documentação não oficial? A resposta é simples: não se dá. Até agora…
Mas, e o usuário? Por exemplo, a comunidade LibreOffice, procura desenvolver um software que atenda às necessidades do usuário… Do LibreOffice. A comunidade Ubuntu, faz o mesmo para usuários do Ubuntu, e assim por diante. Mas, e o usuário? Não o usuário especifico de um software, mas aquele que precisa de soluções para seus problemas diários? Esse era deixado à sua própria sorte, de forma que ele precisa, sozinho, escolher, testar e desenvolver soluções que integrem diversos softwares diferentes em um formato que atenda ao que ele precisa. Até agora…
De tempos em tempos aparecem novas iniciativas para resolver velhos problemas. É o caso da Comunidade Escritório Livre. Formada por vários ex-integrantes da Comunidade BrOffice.org, como Cláudio Ferreira Filho, Luiz Oliveira, Fátima Conti, entre outros, essa comunidade saiu do comum. O objetivo principal não está atrelado à divulgação e desenvolvimento de um software ou de uma marca de uma comunidade específica. O objetivo principal é reunir diversas ferramentas úteis no ambiente escritural e desenvolver métodos de implantação para elas. Assim, ao invés de simplesmente entregar um pacote de editores de texto, planilhas, apresentações, a comunidade entrega maneiras de utilizá-lo, em conjunto com outros softwares, de forma que resolvam problemas comuns.
Esse enfoque amplia muito o conceito de ferramenta de software livre, para o conceito de solução integrada de software livre. Isso implica que a comunidade não aborda apenas um tipo de software, por exemplo, pacotes de escritório. Ela aborda desde sistemas operacionais, sistemas de gestão de documentos (CMS) e sistemas de produção colaborativa (Wikis), até formatos de arquivos (de todo tipo de documento) e produção de documentação para os softwares com deficiência nessa parte.
O diferencial dessa comunidade é o fato de que tem poucos desenvolvedores. É uma comunidade basicamente composta de usuários que desenvolvem soluções criativas de utilização dos diversos softwares livres e de código aberto disponíveis. A maior parte das soluções são baseadas em experiências pessoais em seus próprios locais de trabalho. Portanto, o caráter desenvolvimentista (de código) perde o foco, que passa para o desenvolvimento de soluções integradas.
De saída, a comunidade conta com um um portal, um wiki e uma lista de discussão, além de canais de contato no IRC e mídias sociais como twitter e identi.ca (@escritóriolivre), Facebook, entre outras.
O desafio é grande, mas o pessoal é animado e está altamente motivado. Qualquer pessoa pode juntar-se à comunidade, participar, contribuir, desenvolver seus próprios projetos, aprender mais sobre os diversos softwares e aplicar seus conhecimentos no seu dia a dia.
Vamos lá! Não seja tímido! =)
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Albino Biasutti Neto said
Reblogged this on Albino B Neto.
Fa Conti said
Oi
Há anos venho tentando dar um jeito de fazer um computador funcionar só com software livre e realmente ajudar quem o utiliza a desempenhar melhor / mais facilmente as muitas funções que se exige de um universitário ou, mesmo, de um usuário um pouco mais sofisticado que uma pessoa qualquer.
Espero que a preocupação desse grupo, com essa questão maior, que é o uso de padrões abertos, como o ODF, possa induzir maior colaboração entre pessoas dedicadas a vários softwares diferentes e trazer soluções mais práticas e úteis, lembrando que todos usamos um enorme número de programas que tem que funcionar de forma integrada.
Além do mais, o reconhecimento das habilidades do usuário comum em melhor aproveitar as capacidades dos softwares e a sua possibilidade de divulgar tais programas precisam, mesmo, ser muito melhor compreendidas e assimiladas pelo pessoal de desenvolvimento.
Afinal, para quê ou para quem um programa deve ser feito?
Assim reitero seu convite para os interessados em trabalhar em prol do usuário:
Vamos lá! Não seja tímido! 🙂
Fa Conti @faconti fconti@gmail.com