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Discussões sobre Software Livre e Sociedade

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O que é Linux e o que é Ubuntu?

O que é Linux e o que é Ubuntu?

Um pouco de história

Não tenho a intenção de fazer um longo discurso histórico/ideológico, mas um pouco de história e o conhecimento de certos termos são necessários para entender o contexto das coisas. Tampouco o texto que se segue é uma crítica às pessoas ou empresas citadas. Trata-se mais de um relato pessoal de que viveu essa história passo a passo.

A história do computador pessoal não começa, nem foi protagonizada por uma única empresa americana chamada Microsoft®, como muitos imaginam. Na verdade, quem viveu a história entende que essa empresa agiu muito mais como antagonista do que como protagonista. A história do computador pessoal começa no final da década de 1960 e começo da década de 1970, quando empresas como a Radio Shack® e a Commodore®, começam a oferecer aos hobbyistas de eletrônica (na época ainda não existiam os termos “informática” e “tecnologia da informação”), kits para montagem de computadores. Esses kits eram bastante básicos e os hobbyistas precisavam escrever seus próprios programas. Na verdade, eles se pareciam muito mais com os kits de microcontroladores, utilizados nas escolas de engenharia atuais, e disponíveis nas boas lojas de eletrônica, ou na internet.

Em seguida, apareceram empresas de fundo de quintal, como a Apple®, oferecendo algo mais do que um kit: uma máquina montada com alguns programas disponíveis mas, ainda eram muito artesanais. Apesar de artesanais, deram origem a um conceito que, até então existia apenas em computadores de maior porte, o sistema operacional, que tornava a interação entre os computadores e as pessoas que os utilizavam, mais “amigável”. Resumindo, o sistema operacional era um programa de computador (ou um conjunto deles) que traduzia comandos “mnemônicos”, ou seja, que pudessem ser facilmente compreendidos por seres humanos, em instruções inteligíveis pelos computadores (os códigos binários).

No final da década de 1970, a Intel lançou o primeiro processador de 16 bits, o 8086 (e seu irmão 8088). Esse processador foi utilizado pela IBM® para desenvolver o primeiro Personal Computer (PC). A IBM® abriu as especificações do IBM-PC XT®[1] para o mercado, o que possibilitou que qualquer empresa pudesse utilizá-las para desenvolver seus próprios produtos, sem o pagamento de “royalties”. Esse foi um dos primeiros padrões abertos (guarde esse termo) de que temos notícia no mundo dos computadores, e possibilitou que a plataforma fosse amplamente difundida em todo o mundo. Obviamente, a intenção da IBM® era menos nobre do que essa. A intenção era oferecer uma plataforma com uma tecnologia inferior, para depois vender outra, com tecnologia superior (os PS1® e PS2®), esperando que os compradores preferissem algo melhor. Foi o maior erro da história da IBM® pois, de forma colaborativa, empresas fabricantes de hardware uniram-se e o padrão PC desenvolveu-se e conseguiu sobrepujar as intenções da IBM®. Esse foi o fator determinante que fez com que a empresa deixasse se ser um fabricante de hardware, para tornar-se uma fornecedora de serviços, como é atualmente. Também naquela época, a IBM® precisava de algo que tornasse os computadores pessoais mais acessíveis a pessoas comuns. Aí é que entra a Microsoft®, na época, outra empresa de fundo de quintal. A Microsoft® conseguiu convencer a IBM® a utilizar seu recém desenvolvido sistema operacional em disco, o MS-DOS®, nos IBM-PC® (enquanto os PS1® e PS2® vinham com o OS1® e OS2®). Em épocas em que o software era um acessório, e as contendas judiciais a respeito de direitos autorais de software ainda não pipocavam nas cortes do mundo, o MS-DOS®, assim como vários outros DOS, encontrou um terreno fértil para a proliferação no padrão aberto do PC. É dessa época (meados da década de 1970) a “Carta Aberta aos Hobbyistas”[2], de Bill Gates, onde este chama os hobbyistas de ladrões e aproveitadores, unicamente porque copiavam seu software sem pagar pelo seu “esforço intelectual” de desenvolvê-lo. Em resumo, Gates critica a maneira aberta como seu software era tratado, em contraponto ao fato de que ele apenas pode tornar-se popular porque desenvolveu-se em um ambiente aberto. Também é dessa época (início da década de 1980), a fundação da Free Software Foundation (FSF)® (www.fsf.org), uma entidade criada por um programador, Richard Stallman, inconformado com os rumos que as empresas estavam dando ao software, impedindo que o conhecimento fosse compartilhado e difundido. Stallman decidiu, então construir seu próprio sistema operacional e disponibilizá-lo para quem quisesse gratuitamente, assim como para quem quisesse conhecê-lo a fundo e modificá-lo, copiá-lo distribuí-lo ou utilizá-lo. A empreitada era enorme, mas não impossível, como o tempo mostrou.

Obviamente, como hoje, o sistema operacional fazia quase nada e eram necessários programas aplicativos para que o computador se tornasse uma ferramenta de produtividade, ao invés de um brinquedo caro. Dessa maneira, baseados no DOS, surgiram milhares de programas como processadores de texto (como o Carta Certa® e o Wordstar®), planilhas de cálculo (como o Lotus123®), bancos de dados (como o dBase®), jogos, linguagens de programação de alto nível (como o Basic® e o Pascal®), entre muitos outros. A Microsoft® compreendeu, então, que quem controlasse o que rodava nos computadores, controlaria os próprios computadores. No final da década de 1980, com a introdução das primeiras versões do Windows®, a empresa começou a desenvolver seus próprios aplicativos e a dificultar o desenvolvimento de aplicativos de terceiros. Dessa maneira, era impossível para um concorrente desenvolver um editor de textos, ou uma planilha eletrônica, totalmente compatível com os sistemas operacionais da Microsoft®, porque não tinham acesso aos padrões fechados utilizados pelo sistema operacional. Com isso, a empresa atingiu várias metas:

  • Aniquilou toda e qualquer iniciativa de concorrência na área de sistemas operacionais e aplicativos de escritório;
  • Ditou especificações mínimas de hardware para os fabricantes, que eram sistematicamente aumentadas a cada nova versão dos softwares;
  • Dizimou as iniciativas adoção de padrões abertos, impedindo que acontecesse com o software o mesmo que aconteceu com o hardware e, com isso…
  • Tornou-se o fornecedor de software monopolista do mercado mundial, que dita o que as pessoas, empresas e governos podem ou não utilizar e a maneira como devem utilizar seus computadores.

Águas represadas mais cedo ou mais tarde encontram seu caminho. Os computadores difundiam-se e a necessidade de que eles se comunicassem entre si aumentava. Da mesma forma como acontecia nas universidades (até então conectadas entre si através da ARPANET, que se tornou o embrião da Internet), governos e empresas queriam que seus computadores pudessem compartilhar dados, evitando o transtorno de se gravar em disco dados e programas para que fossem enviados a outra pessoa que os utilizaria em outro computador. Tardiamente, a Microsoft® incluiu em seu sistema operacional DOS (através do ambiente gráfico Windows 3.11®) o suporte a rede, no entanto, a empresa optou por utilizar um protocolo fechado próprio (o NETBEUI®), para poder controlar, também, o tráfego de dados entre os computadores. Sabendo que, em breve, já não seria suficiente conectar os computadores dentro de uma sala, e que seria necessário interligar o mundo, a empresa tornou o seu protocolo de padrão fechado, o único nativo em seu sistema operacional. Em fins da década de 1980, a intenção da empresa era acabar com o TCP/IP (que era o padrão aberto utilizado na ARPANET) e forçar o NETBEUI® como protocolo preferencial nas redes. Não deu certo porque o protocolo, além de muitas falhas, ainda era incompatível com os sistemas operacionais de computadores de grande porte, que eram utilizados pelas empresas, governo e universidades. A empresa se viu obrigada a incluir o suporte ao TCP/IP em seus sistemas operacionais e abrir mão do controle das redes. Nesse ponto, mais uma vez por força de padrões abertos, nasceu a Internet que começou a interligar o mundo.

O que é Linux?

Em 1991, um universitário finlandês, Linus Torvalds, insatisfeito com os preços praticados pelos fornecedores de sistemas operacionais (UNIX®, XENIX®, etc.), decidiu desenvolver um por conta própria. Ele liberou seu código na Internet (na época acessada por poucas instituições, universidades na maioria) e pediu a ajuda a quem quisesse ajudá-lo. A resposta foi enorme. Pessoas do mundo inteiro começaram a ajudá-lo no desenvolvimento do núcleo (kernel) do seu sistema operacional, o Linux®, ou “Unix do Linus”. Richard Stallman estava com seu projeto bastante avançado, mas ainda faltava o principal: o núcleo que unisse todos os módulos que desenvolveu durante uma década. Ambos entraram em um acordo onde Linus Torvalds concordou em registrar seu kernel sob uma licença que garantisse que ninguém poderia se apropriar do software e fechá-lo mais tarde. Nascia aí o GNU/Linux®, ou o Linux sob a licença GPL. A partir dessa iniciativa e do encontro de interesses, apareceram diversos grupos diferentes de desenvolvedores que conduziram seus projetos de formas diferentes, utilizando práticas e conceitos diferentes, as “comunidades”. Assim surgiram as primeiras “distribuições” do Linux®, das quais algumas estão firmes e fortes até hoje, como a Slackware® e a Debian®. Essas serviram de base para centenas de outras distribuições.

Atualmente, praticamente qualquer pessoa pode fazer a sua distribuição, incluindo os programas que desejar. Entretanto, é necessário muito trabalho para integrar esses softwares, traduzi-los para diversos idiomas, criar manuais e guias, consertar defeitos (bugs), oferecer suporte, treinar pessoas, divulgar e criar uma comunidade e um ecossistema ao redor dela. Por isso, são poucas as distribuições que podem oferecer uma garantia de continuidade e de suporte permanente. Nesse aspecto, a distribuição Ubuntu é a que mais se destaca nos dias de hoje.

O que é Ubuntu?

Ubuntu é uma palavra originária do povo Bantu, em particular dos dialetos Zulu e Xhosa, que tem muitos significados e nenhuma tradução literal. O significado totalmente subjetivo foi traduzido pelo Arcebisbo Desmond Tutu[3]:

Uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros, não-preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos.

Sob esse espírito, Mark Shuttleworth, um empresário sul africano, fundou a Canonical® (www.canonical.com) para desenvolver uma distribuição Linux (e uma comunidade) que tivesse como foco principal a facilidade de uso por pessoas comuns. Assim nasceu o Ubuntu (www.ubuntu.com), o “Linux para seres humanos”. Atualmente, o Ubuntu é, de longe, a distribuição mais fácil de usar, com o maior suporte, a maior comunidade e, por isso mesmo, a mais popular.

A primeira versão do Ubuntu foi a 4.10. Ao contrário da notação sequencial normal das versões de softwares comuns, as versões do Ubuntu são numeradas de acordo com a data de lançamento. Dessa forma, a versão 4.10 corresponde à versão lançada em Outubro(10) de 2004(04). A versão na qual foi baseada este manual é a 10.04 LTS, lançada em Abril de 2010. A Canonical lança uma versão a cada 6 meses (Abril e Outubro), sendo que uma versão com suporte a longo prazo (Long Term Support – LTS) é lançada a cada três anos. Dessa forma, quem quer ter as últimas novidades das versões mais novas pode optar por atualizar seu sistema a cada seis meses. Quem prefere estabilidade, sem abrir mão das atualizações de segurança e das correções de erros, pode optar pela LTS e fazer a atualização de versão a cada três anos.

Cada versão do Ubuntu recebe um nome de código. A versão 10.04 LTS é conhecida por “Lucid Lynx”. A próxima versão (10.10) já é conhecida como “Maverick Meerkat”[4].

O manual do Ubuntu, disponível no menu Sistema → Sobre o Ubuntu, da área de trabalho do ambiente gráfico Gnome cita:

O Ubuntu é um sistema operacional de código totalmente aberto, construído em volta do kernel Linux. A comunidade do Ubuntu é construída em volta dos ideais descritos na Filosofia Ubuntu: que software deve ser disponibilizado gratuitamente, que ferramentas de software devam ser usáveis pelas pessoas em suas línguas locais e apesar de qualquer deficiência, e que as pessoas devem ter a liberdade de personalizar e alterar o software de qualquer maneira que os atenda. Por estas razões:

  • Ubuntu será sempre gratuito, e não há cobrança adicional para a “edição empresarial”; disponibilizamos nosso melhor trabalho para todos nos mesmos termos de gratuidade.
  • O Ubuntu inclui as melhores traduções e infraestrutura de acessibilidade que a comunidade de software livre tem a oferecer, fazendo o Ubuntu útil ao maior número de pessoas possível.
  • Novas versões do Ubuntu são liberadas regularmente; uma nova versão é feita a cada seis meses. Você pode usar a versão estável ou de desenvolvimento. Cada versão é suportada por, no mínimo, 18 meses.
  • O Ubuntu é totalmente comprometido com os princípios de desenvolvimento de software livre; nós encorajamos as pessoas a utilizarem, melhorarem e distribuírem software livre.

Além do ambiente gráfico Gnome, o Ubuntu pode ser obtido com outros ambientes como o KDE ou o LXDE, recebendo os nomes de Kubuntu e Lubuntu. Há também versões para servidores e para fins educacionais (Edubuntu).

Referências:

[1] Wikipedia – IBM Personal Computer (http://en.wikipedia.org/wiki/IBM_Personal_Computer) – acesso em 22/07/2010 às 13:47.

[2] Wikipedia – Open Letter to the Hobbyists (http://en.wikipedia.org/wiki/Open_Letter_to_Hobbyists) – acesso em 22/07/2010 às 13:49.

[3] Wikipedia – Ubuntu (ideologia) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ubuntu_%28ideologia%29) – acesso em 22/07/2010 às 13:50.

[4] Wikipedia – Ubuntu (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ubuntu) – acesso em 22/07/2010 às 14:27.

8 Respostas para “O que é Linux e o que é Ubuntu?”

  1. José Pinto said

    Está neste esclarecedor artigo sobre linux , o motivo porque uso linux, mais concretamente Ubuntu .
    Patilha de conhecimento para bem da humanidade é positivo. Fechar o conhecimento numa redoma com o intuito de encher o seu próprio bolso de dólares só traz atraso civilizacional .

  2. Sérgio Valle said

    Ótima explicação!!

  3. Dieter Kempf said

    Gostei muito. Esclarecedor.

  4. Ótimo texto. Foi muito esclarecedor. Perfeito.

  5. Ezequiel said

    Eu estava completamente perdido ate chegar aqui. Muito Obrigado.

  6. Eduardp said

    Obrigado pela excelente aula,Abccs

  7. […] https://almalivre.wordpress.com/curso-basico-de-ubuntu/o-que-e-linux-e-o-que-e-ubuntu/ […]

  8. Bom dia!
    Neste exato momento
    estou aprentando ao meu coordenador geral, Senhora Juliana Braia, um
    projeto chamado Oficina de informatica básica do LInux, a ideia e levar ate os professores da rede estadual de ensino da cidade de Itabuna/Ba a oficina que tem como obetivo mostrar as possiblidades do uso pedagogico do Linux, assim que entitulo.
    Neste momento preciso de subsidio em termo de material didatico que contribua para eu montar o tutorial da oficina material impresso que o professor vai manusear durante a oficina, ou seja, mais arquivos que mostre como usar a ferramenta e as possibilidades de uso da mesma. Hoje em todas as unidades de ensino possuem em seus laboratorios de informatica os PCs Linux
    Estou amando a ideia de levar aos meus colegas professores o x. Vejo grandes possiblidade de uso desta ferrametna para professores da rede de ensino.
    oK?
    Bsj, Mª Helena Dutra.

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