Microsoft manipula organismos internacionais para “empurrar” padrões de documentos fechados.

Esse post é para aqueles que insistem em agir como a “turma do deixa disso”, sempre entrando em discussões com expressões do tipo “não entendo todo esse ódio à Microsoft” ou “o melhor software é aquele que mais gostamos”. Isso é pra mostrar que nenhuma grande empresa, principalmente se for monopolista no seu ramo de atividades, é boazinha ou está preocupada com seus clientes, aos quais chama de “consumidores”. O objetivo de todas elas, sem excessão, é o lucro a qualquer preço e ilude-se quem defende essas empresas apaixonadamente, sem conhecimento dos fatos.

Este também é um post para os que lutam por uma sociedade mais justa e mais humana, que tenha por objetivo o desenvolvimento humano e a valorização das pessoas, em detrimento do poder econômico.

É revoltante ver o que essa empresa faz para conseguir o que deseja. A delegação brasileira na BRM (Ballot Resolution Meeting) da ISO foi ultrajada e as demais delegações de 37 países foram feitas de palhaços para que a proposta da Microsoft de um “padrão” de documentos fechado (binário), conhecido como OpenXML fosse aprovada como uma proposta de norma (ISO/IEC DIS 29500, Information Technology – Office Open XML file formats).

A ISO/IEC DIS 29500:2008 é uma proposta de norma internacional apresentada pela Microsoft para concorrer com a ISO/IEC DIS 26000:2006 que trata do mesmo assunto, porém já aprovada e em vigor, e que instituiu o padrão ODF (Open File Document) como norma internacional de formatação de documentos como textos, planilhas de cálculo e apresentações. Segundo a Microsoft, essa proposta tem a intenção de ser implementada em múltiplas aplicações e plataformas. De acordo com a Microsoft, um dos seus objetivos é assegurar a preservação de documentos a longo prazo, criados nas últimas duas décadas, utilizando programas que seriam incompatíveis com a norma ISO/IEC 26000:2006, devido aos avanços da tecnologia da informação.

Até aí, nada de mais. Entretanto, se a proposta é tão inocente e idônea, por que a Microsoft utilizou de meios não ortodoxos (para não dizer inescrupulosos) para fazer valer sua proposta? Por que o padrão não pode ser e não foi avaliado pelos especialistas? Por que a direção da ISO foi manipulada a corroborar com essas práticas desonestas?

Recentemente, recebi um comentário de uma pessoa que se identificou apenas como Rodrigo, em outro post, onde comentava sobre o Microsoft SOL e seus perigos para os pequenos e médios empresários. Neste comentário, Rodrigo disse que “não é verdade que a Microsoft não segue padrões”. Bom, lendo os depoimentos de Jomar Silva, um dos integrantes da delegação brasileira na reunião. Jomar Silva tem sido, nos últimos 3 ou 4 anos, um denunciador das práticas desonestas da Microsoft nos bastidores dos organismos internacionais de normatização e é uma autoridade no assunto.

Jomar Silva é engenheiro eletrônico, pós graduado em gestão de projetos e desenvolvimento de sistemas e Diretor Geral da ODF Alliance Chapter Brasil. Atua no mercado de TI desde 1996, com ênfase no desenvolvimento de software em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento para empresas do setor de Telecomunicações e Tecnologia da Informação. Atua ainda como “advisor” em padrões abertos junto a indústria de software. É coordenador do Grupo e Trabalho na ABNT que tratou da adoção do ODF como norma brasileira e membro do OASIS ODF TC (comitê internacional que desenvolve o padrão ODF). Isso lhe confere a autoridade para falar com conhecimento de causa.

Vejam toda a história aqui:

http://www.itweb.com.br/blogs/blog.asp?cod=86
http://homembit.com/2009/10/openxml-o-que-eu-ainda-nao-contei-sobre-o-brm.html