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Discussões sobre Software Livre e Sociedade

Os 7 pecados do Windows, ou os pecados do Windows 7

Posted by Paulo em 27/04/2010

Artigo original em http://en.windows7sins.org/

Os pecados do Windows 7: O caso contra a Microsoft e o software proprietário.

A nova versão do sistema operacional da Microsoft, o Windows 7, tem o mesmo problema do Vista, do XP e de todas as versões anteriores — são softwares proprietários. As pessoas não têm permissão para compartilhar ou modificar o Windows, ou examinar seu funcionamento por dentro.

O fato do Windows 7 ser proprietário significa que a Microsoft possui controle legal sobre as pessoas que utilizam o sistema operacional, através de da combinação de direitos de cópia, contratos e patentes. A Microsoft usa esse poder para abusar dos computadores das pessoas. No sítio windows7sins.org, a Fundação do Software Livre (FSF – Free Software Foundation) lista sete exemplos do abuso cometido pela Microsoft.

1. Enevenena a educação: Hoje, a maioria das crianças, cuja educação envolve computadores, são ensinadas a utilizar os produtos de uma única empresa: da Microsoft. A Microsoft investe grandes somas de dinheiro com lobistas e marketing para corromper departamentos de educação. Uma educação com o uso de computadores deveria ter o sentido de liberdade e de potencialização, não uma avenida para uma corporação instituir seu monopólio.

2. Invasão de privacidade: A Microsoft utiliza programas de computador com nomes de fachada como o “Programa de Vantagens do Windows Original” para inspecionar o conteúdo do disco rígido nos computadores das pessoas. É necessário aceitar o acordo de licenciamento do usuário antes de utilizar o Windows, e ele avisa que a Microsoft reclama para si o direito de fazer isso sem aviso prévio.

3. Ambiente monopolizado: Quase todo computador comprado vem com Windows pré-instalado — mas não por escolha. A Microsoft dita os requisitos para os fabricantes de hardware, que não oferecerão PCs sem Windows, a despeito das pessoas pedirem por eles. Mesmo computadores disponíveis com outro sistema operacional pré-instalado, como o GNU/Linux com frequência tinham Windows instalado ante.

4. Hardware travado: A Microsoft regularmente tenta forçar atualizações aos seus clientes, através da remoção do suporte para versões antigas do Windows ou do Ms Office, além de forçar a necessidade de hardware cada vez mais poderoso para rodar seus programas. Para muitas pessoas, isso significa jogar fora computadores em perfeito estado de funcionamento apenas porque eles não se enquadram nos requisitos de hardware das novas versões do Windows.

5. Abuso de padrões: A Microsoft tem tentado bloquear a padronização dos formatos de documentos porque padrões como o Open Document Format (ODF) ameaçariam o controle da empresa sobre as pessoas através dos formatos proprietários, como o do Ms Word. Eles têm exibido um comportamento dissimulado, iclusive subornando autoridades, na tentativa de parar com esses esforços.

6. Reforçando o Gerenciamento de Restrições Digitais – (DRM – Digital Rights Management): Com o Windows Media Player, a Microsoft trabalha em conluio com as grandes empresas de mídia para estabelecer restrições na cópia e na execução de conteúdos de mídia dentro do seu sistema operacional. Por exemplo, a pedido da NBC, a Microsoft pode impedir que usuários de Windows gravem programas de televisão, mesmo que tenham direito legal de fazê-lo.

7. Ameaça à segurança das pessoas: O Windows tem uma longa história de vulnerabilidades de segurança, possibilitando a disseminação de viroses e permitindo que pessoas obtenham o controle dos computadores de outras pessoas remotamente, sem autorização, para o uso em redes de disseminação de spam conhecidas como botnets. Pelo fato do software ser secreto, todos os usuários dependem da Microsoft para a correção desses defeitos.  — mas a Microsoft tem seus próprios interesses de segurança, que não são, necessariamente, os mesmos interesses dos clientes.

Você pode ajudar!

Os sistemas operacionais em software livre, como o GNU/Linux podem fazer o mesmotrabalho do Windows, porém também incentivam as pessoas a compartilhar, estudar, modificar o software tanto quanto queiram. Isso faz da utilização do software livre a melhor maneira de escapar da Microsoft e evitar tornar-se vítima desses sete pecados. O software e os computadores sempre têm problemas, mas utilizando o software livre, as pessoas e suas comunidades são potencializados a resolver esses problemas para si e para os demais.

Você pode obter mais informações sobre cada um dos sete pecados e como escapar deles em windows7sins.org. Pedimos que, por favor, assine o formulário para receber notícias da campanha e ações de alerta para ajudar a espalhar os avisos sobre os abusos da Microsoft, os problemas com o Windows 7, e a importância do software livre!

Como chegamos aqui

Dois anos atrás, a Microsoft liberou o Windows Vista, com pouca comemoração e muito desapontamento dos usuários, encarando uma batalha do software defeituoso, falta de drivers e restrições pesadas, e dos desenvolvedores, lutando para fazer programas atualizados que funcionassem no novo sistema.

Dois anos depois, a própria Microsoft admitiu que o Vista falhou. Os usuários não estavam prontos para aceitar a enorme mudança para pior que o Vista oferecia, e a Microsoft tentou corrigir o problema anunciando o Windows 7. O Windows 7, da mesma forma que o Windows XP em 2001, tinha um requerimento de hardware mais modesto, tornando-o ideal para computadores com menos recursos, como os netbooks. No entanto, diferentemente do Windows XP, a Microsoft deliberadamente aleijou o Windows 7, deixando os usuários de netbooks à mercê dela, de forma que a empresa controla quais aplicações eles podem ou não executar em seus computadores, bem como o número de aplicações que podem ser executadas ao mesmo tempo.

A Microsoft está se utilizando dos seus truques de novo — só que dessa vez, eles estão inserindo restrições artificiais no próprio sistema operacional. Não é a primeira vez que eles fazem isso, mas essa é a primeira versão do Windows que pode remover instantaneamente restrições, como num passe de mágica, se você comprar uma versão mais cara da Microsoft.

Entretanto, isso não é novidade. Em 1996, um furor tomou conta do mercado a respeito do Microsoft Windows NT. Na época, a Microsoft estava vendendo duas versões do sistema operacional: o Windows NT Workstation e o Windows NT Server. A versão server custava em torno de US$800 a mais do que a versão workstation.

Enquanto o Windows NT Server incluía uma série de aplicações para servidores que não estavam disponíveis na versão NT Workstation, a Microsoft insistia que os sistemas operacionais eram “dois produtos diferentes desenvolvidos para funções diferentes.” o NT Server, alegava a Microsoft, era desenvolvido e otimizado para o uso em aplicações de internet, como servidores web, tarefa para a qual o NT Workstation era totalmente inadequado. Com o objetivo de fazer valer essa diferença, tanto o código do NT Workstation, quanto o acordo de licenciamento, restringia os usuários a não mais do que dez conexões TCP/IP simultâneas (ou seja, internet); enquanto isso, o NT Server tinha conexões ilimitadas.

Muitos usuários perceberam que ambas as versões eram muito parecidas. Cavando mais fundo, uma análise publicada pela O’Reilly and Associates revelou que o kernel, e de fato todo arquivo binário incluído no NT Workstation, era idêntico aos da versão NT Server. A única diferença entre os núcleos dos dois produtos era a informação do tipo de instalação do sistema operacional — a versão server continha várias opções, ou flags, que a marcavam como ‘Workstation’ ou ‘Server’. Se a máquina era marcada como ‘Workstation’, ela desabilitaria certas funcionalidades e limitaria o número de conexões de rede.

Nós chamamos essas limitações de anti-funcionalidades. Uma anti-funcionalidade é uma funcionalidade que o desenvolvedor da tecnologia vai cobrar dos usuários para que não seja incluída — é mais difícil para a Microsoft limitar o número de conexões de internet do que deixar a função sem uso — e o limite não é algo que um usuário comum poderia reclamar.

Infelizmente, para as empresas e indivíduos que tentam empurrar anti-funcionalidades, os usuários cada vez mais têm alternativas no software livre. A liberdade do software, por sua vez, torna a inclusão de anti-funcionalidades impossível na maioria dos casos. O preço predatório do NT da Microsoft é impossível para o GNU/Linux, no qual os usuários podem programar em torno dele.

Uma versão do Firefox baseada em propagandas também seria impossível — os usuários simplesmente fariam e distribuiriam uma versão do software sem a anti-funcionalidade em questão.

Em última análise, a ausência de anti-funcionalidades formam uma das vitórias mais fáceis para o software livre. Não custa nada para os desenvolvedores de software livre evitar as anti-funcionalidades. Em muitos casos, fazer nada é exatamente o que os usuários querem e é exatamente isso que o software proprietário não dá a eles.

Recursos

FlyerFlyer

Publicaremos mais em breve. Se você quer contribuir com um flyer, por favor envie-o para campaigns@fsf.org.

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